ATÉ QUANDO, SENHOR?

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' Mas tu rejeitaste e aborreceste; tu te indignaste contra o teu ungido. Abominaste a aliança do teu servo; profanaste a sua coroa, lançando-a por terra. Derrubaste todos os seus muros; arruinaste as suas fortificações. Todos os que passam pelo caminho o despojam; é um opróbrio para os seus vizinhos. Até quando, Senhor? Acaso te esconderás para sempre? Arderá a tua ira como fogo? Lembra-te de quão breves são os meus dias; por que criarias debalde todos os filhos dos homens? Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura? Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades que juraste a Davi pela tua verdade? Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos; como eu trago no meu peito o opróbrio de todos os povos poderosos, Com o qual, Senhor, os teus inimigos têm difamado, com o qual têm difamado as pisadas do teu ungido. Bendito seja o Senhor para sempre. Amém, e Amém. '

( Salmos 89:38-40 e 46-52 )

Quando chegamos a esta terceira parte do Salmo, é difícil acreditar que faz parte do mesmo Salmo das duas partes anteriores. O Salmo até este estágio tem sido sobre o amor e a fidelidade da Aliança de Deus. As promessas do Senhor não correspondem à realidade que ele vê ao seu redor. Este terceiro estágio começa com 'Mas tu!' A profundidade das emoções é evidente nos verbos que o salmista usa: 'rejeitaste', 'aborreceste', 'indignaste', 'abominaste', 'derrubaste', 'arruinaste, ‘reduzido a ruínas’, ‘posto fim a’, ‘deitaste por terra (lançado ao chão)’, ‘abreviaste’ e ‘coberto de vergonha'. Não está claro se isso é decorrência do exílio ou alguma outra humilhação nacional. O salmista fica surpreso com o sofrimento que vê ao seu redor. Como Deus pôde fazer isso? A ira do salmista está reservada para o Senhor, e não para os inimigos. O Senhor é acusado de rejeitar a Aliança, de estar muito zangado com o rei, contaminando a coroa e destruindo as fortalezas. Deus é visto como o autor de todos esses atos. A questão é: Como essa atividade destrutiva pode ser reconciliada com o amor, fidelidade e aliança de Deus?

Deus permitiu ao inimigo saquear as posses do rei e entregou a vitória nas mãos do inimigo. Quando Deus estava lutando por Seu povo, eles eram invencíveis, agora que o Senhor está lutando contra Seu povo, sua derrota é inevitável. Em vez de o rei ser vestido com as vestes de louvor, ele está envolto no manto da desgraça.

O versículo 46 parece uma pergunta estranha: "Até quando, Senhor? Acaso te esconderás para sempre? Arderá a tua ira como fogo?". É como se a resposta estivesse na pergunta. A raiva do salmista não está escondida de Deus. A raiva é mais exasperação do que raiva. Precisamos ter cuidado com as palavras que usamos para Deus na oração, considerando a santidade de Deus e lembrando que Deus é Deus e nós não. A incapacidade do salmista de compreender o julgamento de Deus pode estar em sua incapacidade de entender o que o pecado e a desobediência fazem. Qual seria o comportamento do povo de Deus se Deus estivesse dando a punição segundo o que mereciam?

A diferença entre a parte anterior do Salmo e esta parte é que, na parte anterior, o salmista estava dizendo o que cria, mas agora ele está expressando como a realidade que ele vê ao seu redor parece conflitar com o que ele acredita. Nossa vida é assim. Aprendemos teologia lendo um livro de Teologia Sistemática, aprendendo o básico da Doutrina Cristã na EBD ou ouvindo a pregação, e aprendemos o que a Bíblia diz sobre Deus e Seu relacionamento conosco. Mas então as coisas acontecem na vida e nos perguntamos: "Como isso se relaciona com o que aprendi?". Às vezes é difícil resolver isso. A resposta é ser honesto com Deus e tentar expressar como nos sentimos. Precisamos ser reverentes com Deus, mas também precisamos ser honestos. Este Salmo mostra que o problema nem sempre é resolvido imediatamente. Pode levar mais tempo para o salmista estar pronto para a resposta. O salmista sabe que a resposta está na Palavra de Deus. Deus deixou claro o que aconteceria se o coração das pessoas se afastasse de Deus. Às vezes, podemos saber a resposta, mas não estamos dispostos a enfrentá-la. Ainda assim, uma descrição honesta de como nos sentimos diante do Senhor é importante.

A lição que aprendemos aqui é como é importante apresentar o estado atual da igreja ao Senhor em oração. Por outro lado, aprendemos na história de Jó que tempos de tribulação nem sempre está relacionado ao nosso pecado. Esta parte é mais difícil de entender. Os amigos de Jó acreditavam que só os pecadores sofriam, mas a Palavra de Deus nos deixa aquela história para entendermos que nem sempre é só isso. O sofrimento tem outras causas e precisamos entender tudo isso. Mas nem sempre temos paciência para esperar a resposta de Deus. Muitas e muitas vezes Ele demora demais, segundo o nosso relógio.

Meu irmão e minha irmã, aprendemos nesta última porção do Salmo 89 que apesar de ter perguntas sem resposta, o salmista afirma a necessidade de louvar ao Senhor. Que tenhamos a coragem de ser honestos nos nossos sentimentos diante de Deus mas que confiemos em todas as Promessas que Ele nos fez e que mesmo quando tudo parece indicar o contrário, Ele continuará a cuidar de nós. Amém?

Tenha um dia abençoado e até a próxima.

 

 

 

Devanir Caetano da Silva

Pastor da Igreja Restauração em Cristo

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